Algo está mudando por aqui (e eu queria te contar)
Pega um café, puxa uma cadeira e vamos conversar.
Há uma inquietação que vem me acompanhando nos últimos meses, mas ela precisava criar contorno, encontrar caminhos, antes de vir à luz.
E, hoje, eu posso compartilhá-la com você.
Se você está aqui há mais tempo, deve ter notado que esta newsletter já passou por muitas fases: comecei falando somente de filosofia, ampliei os assuntos, voltei pra filosofia, alternei entre temas filosóficos e reflexões sobre o mundo cotidiano. Tivemos edições semanais, quinzenais e mensais. E passamos por meses sem nenhuma edição (desculpe!).
À base de muita tentativa e erro, já se foram mais de 90 textos. Considerando que só 35% das news chegam à 2ª edição e apenas 5% alcançam 21 edições publicadas, eu tendo a olhar para este espaço com muito carinho e gratidão pelo que construímos juntos até aqui.
Ainda assim, eu havia algo de errado…
Buscando um propósito
Comecei a criar conteúdo na internet no final de 2020. Naquela época, como muita gente fez na pandemia, eu só passei a compartilhar meus conhecimentos e trocar uma ideia com quem se interessasse pelas mesmas coisas.
Parecia simples; a verdadeira essência de uma “rede social”: conectar pessoas.
Logo, surgiram os primeiros seguidores, pessoas curiosas pelo Estoicismo, meu tema de pesquisa desde a graduação e que eu tinha levado até o doutorado em Filosofia. Na época, meus planos se resumiam a concluir o doutorado, fazer um concurso e me tornar professora universitária.
A partir daí, criei leituras coletivas, lancei cursos e fui construindo, paralelamente, uma presença online, enquanto trabalhava na minha tese, ainda acreditando num caminho direto para a docência. Só não previ os abusos acadêmicos que me levariam a um burnout pós-defesa da tese e ao meu afastamento de quase 1 ano da Filosofia.
Durante esse afastamento, me dediquei ao Clube do Livro de Literatura e ele se tornou um refúgio para mim. Mergulhar na literatura, explorar novos assuntos e viajar nas histórias junto com as participantes foi, em grande parte, o que me manteve sã.
Mas a Filosofia sempre esteve lá, me chamando de volta. E fiz o retorno quando, finalmente, consegui separar meu interesse por ela dos meus traumas acadêmicos. Em setembro de 2024, voltei a criar conteúdos filosóficos.
Por isso, as mudanças na newsletter sempre refletiram as mudanças da minha própria vida nesses anos. Inclusive, a mudança de foco do meu trabalho: do objetivo de ser professora universitária, eu passei a fazer da internet a minha sala de aula. E isso significava estar onde as pessoas estavam: o Instagram.
Uma crise
Desde o início, eu nunca fui a maior entusiasta do Instagram. Eu falo demais pra conseguir me encolher num carrossel, numa legenda ou num vídeo curto (esses, então, sempre foram o ponto fraquíssimo da minha produção de conteúdo).
Não que eu deteste tudo por lá, mas nunca foi o meu ponto forte. Ainda assim, foi a rede onde consegui maior alcance para o meu trabalho e isso, na internet, é essencial. Então, priorizei o Instagram sobre outras redes.
Corta para janeiro de 2025. Mark Zuckerberg, chefão da Meta, anuncia, entre outras mudanças, o fim da checagem de fatos no Instagram e no Facebook, numa atitude de aproximação com o governo Trump. Era a porta aberta para o caos, tal como se instalou no X (falecido Twitter).
É bem verdade que nenhuma plataforma é “boazinha”. A Meta não é pior que o Google ou qualquer outra big tech. Todas elas seguem o caminho do dinheiro e do poder. Mas as medidas do Zuck levaram esse jogo para outro nível.
Então, juntando a vontade à oportunidade, eu decidi que era hora de mudar novamente…
Duas decisões
Eu sou professora e ensinar, para mim, é tanto uma profissão quanto uma vocação. Trabalhando sozinha nesse mundo digital, eu tive que aprender a fazer muitas outras funções, mas se eu tivesse que escolher uma só para passar o resto da vida fazendo, certamente seria ensinar. Isso é o que me move.
E para continuar a fazer da internet a minha sala de aula ao mesmo tempo em que busco ser fiel aos meus valores, decidi realizar duas mudanças:
1️⃣ Foco em conteúdo longo e que não “morre” no dia seguinte.
O YouTube já vinha sendo um grande foco do meu trabalho, desde fevereiro e, a partir de agora, a newsletter vem se somar a ele. Quero ampliar as conversas com quem me segue, podendo explorar ângulos mais profundos de um assunto.
Quero criar sem a ansiedade de “ter que prender a atenção nos primeiros 3 segundos, senão a pessoa passa para o próximo conteúdo”. E quero que você que me acompanha, também consuma meu conteúdo no seu tempo, do seu jeito.
Ainda não vou sair do Instagram, porque quero direcionar as pessoas de lá para esses outros canais. Uma última ação antes de apagar a luz.
2️⃣ Segmentação dos assuntos
Por causa do histórico de movimentos de saída e retorno à Filosofia, acabei misturando dois públicos: aqueles que se interessam por Filosofia e os que me encontraram por causa da Literatura. Certamente há pessoas na interseção dos temas, mas os dados de todas as plataformas mostram que há diferenças significativas entre os dois públicos.
Por isso, decidi criar, também, dois perfis de criação de conteúdo:
▪ Para quem se interessa pela Filosofia e quer acompanhar meu trabalho nessa área, sugiro seguir o canal Prof. Fernanda Oliveira, no YouTube ou minha outra (recente) newsletter, de mesmo nome. Esses canais funcionam como meu perfil mais profissional.
▪ Para quem se interessa pela Literatura e pela minha rotina leitora, e quiser ver um pouco mais da Fernanda por trás da professora, fique à vontade para me seguir no canal Nandaversando e/ou continuar nesta newsletter, que passa a se chamar assim também, como você deve ter notado. A pegada aqui vai ser mais pessoal.
📚 E, claro, se você quiser apoiar financeiramente meu trabalho, o Clube do Livro de Literatura e não-ficção e o Clube do Livro de Filosofia continuam vivíssimos e ativos (inclusive, em abril, vamos ler O grande Gatsby e as Meditações de Marco Aurélio, respectivamente).
Toda mudança dá medo e, com essa, não seria diferente. Mas eu acredito na força da comunidade que construí nesses anos. Por isso, obrigada por chegar até aqui. Se você decidir ficar (e eu espero que sim), a próxima edição sai dia 13/04.
Avante com ânimo permanente e alegria (docência, de qualquer modalidade, exige isso!) :)